terça-feira, 5 de julho de 2016

Contando histórias

Uma vez há muitos milênios, o Rabi de Nazaré reuniu-se com seus discípulos, na praça, próximo à porta do Mercado, quando viu que crianças e adolescentes furtavam os objetos dos mercadores. Os guardas do Rei chegaram logo e levaram aqueles jovens e crianças para a prisão.
Os discípulos assistiram a tudo, mas ficaram quietos, acompanhando o silêncio do Rabi. E logo depois se foram.
O Rabi continuou ali olhando a praça, os mercadores, os guardas, os objetos furtados largados no chão. Viu a injustica, com seus olhos flamejantes cavalgando livremente por entre tudo e todos.
Olhou o céu azul - a chuva passara - viu o sol que a tudo iluminava sem distinção e viu o arco íris trazendo a esperança e uma.nova possibilidade.
Mas naquele exato segundo, uma lágrima correu de seus olhos, pois viu que já haviam se passado os dias da criação do mundo e ainda os homens e as mulheres não haviam terminado o projeto encomendado por D'us a toda humanidade: fazer florescer com amor a civilização planetária.
O Rabi mediu com uma régua o céu e a terra e percebeu que os trabalhos nem haviam começado. E que faltava muito para o nascimento do novo Adão.
Esta foi uma das vezes em que vi o Rabi chorar.
(Regina Célia Moraes em Conte uma História)

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