segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O sapateiro e sua oração

Certa vez o Rabi Yakov contou-nos esta história:

Era uma vez um homem que fazia lindos sapatos, de todos os tipos e tamanhos. Seus sapatos eram conhecidos em muitos lugares porque eram feitos com muita perfeição.  Sempre que um modelo novo era reproduzido, ele pegava um par, às vezes dois, dependia da quantidade produzida,  e  ao invés de ir direto par casa, ia pelas redondezas da cidade olhando a tudo e deixava os sapatos  em algum lugar do caminho.
Um dia os aprendizes da fábrica ficaram curiosos e o seguiram e voltaram sem entender, pois ele deixou os sapatos na estrada, ao pé de uma comunidade muito pobre  e voltou para casa.      No dia seguinte perguntaram a ele porque fazia daquela forma e ele respondeu:
____É  que faço meu trabalho de sapateiro com fé  e a fé é um caminho, que precisa  ser compartilhado por muitos. Então inventei esta forma, e sempre que faço um sapato, eu penso em quem paga para usar e no sapato que vou dar, para que digam do fundo do coração:
____Abençoado  o sapateiro que fez estes sapatos!  Assim  fazendo acrescento valor ao meu trabalho, tenho testemunhas do que faço  e só então eu me dirijo ao templo e apresento os meus pedidos  a Deus.
Ao terminar a história, a chuva também tinha passado e todos se levantaram e saíram conversando. Um a um foi saindo da gruta, levando consigo  a idéia do trabalho colaborativo, que faz nascer a inteligência coletiva. O  Rabi porém, ficou e em silêncio e demorou-se a sair. Sem pressa, olhou a gruta, o chão, o teto, viu os discípulos, abstraiu a tudo e pode ver a gruta em cada oficina e em cada escola; a oficina e a escola em cada templo; cada templo em cada homem e cada mulher e cada um dentro da vida, todos trabalhando juntos em prol de todos.  Fechou os olhos para cochilar um pouco, um cochilo rápido, porque ele sabia que ainda tinha muito o que fazer e ainda não havia chegado o sétimo dia.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A escolha da Sabedoria

Vigie sempre o seu pensamento,  dele depende  sua vida. (Sabedoria)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A Contadora de Histórias: A Ilusao e a Dança



Então a virgem terá prazer na dança,
E, juntos, os jovens e os velhos,
Converterei o seu luto em alegria, Consolá-los-ei, alegrá-los-ei depois dos sofrimentos, Alimentarei os sacerdotes com gordura,
E meu povo se saciará com os meus bens.
(Jeremias, 31:11)

Certa vez o Rabi Yakov sentou-se à porta do mercado e esperava os seus discípulos. Enquanto esperava, reparou no centro da praça, ainda vazio e as pessoas que entravam e saíam do mercado. Olhou seus rostos, uns alegres e outros crispados, olhou o céu e a terra, para buscar desvelar a distância entre o sagrado e o profano e viu o arco-íris, símbolo de aliança, de distância e de diversidade. Demorou-se ainda algum tempo esperando, até que os discípulos foram chegando e juntos dirigiram-se à gruta.
___Rabi, quando um de nós não pudermos mais participar da dança, o que acontecerá?
Diante da indagação, o Rabi Yakov olhou mais uma vez o arco-íris  e após o silêncio necessário a todas as respostas, disse:
___ Mas o que significa a dança? Significa a união, o compartilhamento. Significa o silêncio e o diálogo, significa que quando o companheiro  já não pode mais andar, alguém deve dar o primeiro passo na dança, quando não puder falar, que o amigo fale por ele, quando não puder mais cantar, que o amigo cante por ele, quando não puder mais rezar, que alguém reze por ele. Neste dia, tomando-o  ao colo, deve fazer da dança o momento de partilha, de colaboração e de solidariedade, não deixando de fora nenhum dos convidados. Fazendo assim, não permite que o amigo fique no erro.
Todos ficaram em silèncio e o Rabi Yakov retirou-se.