Divina Comédia - Antero de Quental - Poeta Português - (1842 - 1891)
Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis,
Os homens clamam: — «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,
Os homens clamam: — «Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante,
Porque é que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inestinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N'um turbilhão cruel e delirante...
Corre o tempo e só gera, inestinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
N'um turbilhão cruel e delirante...
Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?
Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — «Homens! por que é que nos criastes?»
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?
Porque é que para a dor nos evocastes?»
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: — «Homens! por que é que nos criastes?»
Antero de Quental, in "Sonetos" (Poeta Português)
O poema acima, da autoria de Antero de Quental tem semelhanças com o ensinamento do Evangelho Apócrifo de Tomé. No Evangelho de Tomé, há uma sentença atribuída a Jesus em que este diz: "Se o espírito criou a carne isto é uma maravilha, mas se foi a carne que criou o espírito, isto é a maravilha das maravilhas...E maravilha-me que esta maravilha venha a ficar em tamanha pobreza!
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